Dentre as muitas frases feitas que permeiam a cultura popular, uma que vivo a repetir é: “Não se chuta cachorro morto”.
Dentre as muitas maldades que o homem é capaz de fazer, essa é das piores. Não se tripudia o derrotado. Não se tira mais nada daquele que tudo perdeu.
Dentre as muitas ações erradas que nos surpreendemos a cometer, está fazer aquilo que sabemos ser cruel e mesquinho... mas todos temos um “lado B” e o exercício da crueldade é inerente à natureza humana. Samuel Johnson, escritor inglês do século XVIII (Bendita Wikipedia!), definiu a crueldade com maestria ao dizer, “A piedade não é natural ao homem. Crianças são sempre cruéis. Selvagens são sempre cruéis. A piedade é adquirida e aperfeiçoada pelo cultivo da razão.”. Talvez, 53 anos vividos não me tenham sido ainda suficientes para esse aperfeiçoamento. Não sou uma pessoa piedosa, lamento.
Dentre meus muitos defeitos que até tento corrigir, mas não consigo, está a vingança. Dizem que é um prato que se come frio, mas me delicio em buffets de saladas. Fazer o quê? Não sou pessoa de premeditar uma vingança, mas também não vou negar que fico feliz quando vejo que o universo conspira a favor dos justos e o mau recebe o mal em retorno. Se isso quer dizer que sou vingativa e não consigo mudar, me consolo na frase de Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.".
Dentre as poucas orações que aprendi a rezar, a minha favorita é a chamada Oração da Paz, de autoria erroneamente atribuída a São Francisco de Assis. Lá diz, “Onde houver erro, que eu leve a verdade” e, talvez por isso, eu assuma um papel de justiceira sempre que presencio o erro, a mentira, a Lei de Gerson levada ao extremo por aqueles que querem levar vantagem em tudo.
Finalmente, dentre os muitos pedidos de desculpas que já pedi depois de fazer algo que não deveria ter feito, aqui vai um inédito (para mim) pedido de desculpas antecipado. Que o meu leitor me perdoe – você mesmo, que talvez seja o único a despender seu tempo lendo meus escritos – porque vou errar! Vou errar, me desculpe, mas eu vou errar... Vou dedicar um poema à ex-professora-tutora do PROFEP-Timor que iniciou ontem sua viagem de retorno ao Brasil:
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Ziraldo; Jeremias, O Bom; Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Expressão e Cultura, 1969.
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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