Olá!

Bem vindos ao diário de uma brasileira em Timor-Leste - uma meia-ilha no outro lado do planeta que a todos encanta com a magia do canto de uma sereia.
Ou seria o canto de um crocodilo? Bem... em se tratando de Timor, lafaek sira bele hananu... :-))

domingo, 3 de outubro de 2010

Acabou-se o que era doce…



“... quem comeu se regalou-se”, era assim que eu costumava dizer quando era criança e não sabia nada sobre pronomes reflexivos, e nem estou certa se sei alguma coisa hoje. I just made my point, e chega de falar Inglês, tô de saco cheio, mas a cabeça parece se programar para uma língua e demora um pouco para formatar um HD antigo como o meu.

Estou na varandinha do meu quarto no Masa Inn e o rapaz brasileiro (esqueci o nome dele, claro) acaba de passar e confirmar que vamos juntos para o aeroporto daqui a meia hora (sniff...). Tchau hotelzinho, tchau civilização! Fiz coisas aqui que eram tão triviais que nem me dava conta de que não as podia fazer há mais de oito meses, como por exemplo, telefonar pro McDonald’s e pedir pra entregar um lanche na minha porta. Bobagens, né? Mas são coisinhas do dia a dia de uma cidade grande que não se pode fazer em Timor-Leste. Coisas bobas, fúteis e sem importância, mas que dão aquele toque de familiaridade e fazem nos sentir em casa. Quando morei na América foi assim. Tirando a neve e a falta de jogo de cintura dos americanos, não me lembro de nenhum choque cultural de maior vulto. Em Timor a gente tem que passar cada dia contornando as dificuldades, grandes e pequenas, pra conseguir se adaptar e sobreviver. Lá há entrega em domicílio, mas é complicado, já que não há endereços. Bidau Lecidere, rua em frente ao Venture Hotel, residência do Padre Domingos Alves. E se o entregador não conhecer o padre? As ruas não têm nome e as casas não têm números. Já tive que ficar na esquina pra esperar por uma pizza, se é que se pode chamar aquilo de pizza. E no escuro, ainda por cima, com uma lanterna para sinalizar. Daí o gostinho especial dessa besteira de receber a entrega do McDonald’s no quarto.

Ontem meu olho direito, além de vermelho hemorrágico, doía como se eu tivesse levado um soco. Fui a uma farmácia grande na Jalan Legian onde me passaram um colírio e um anti-inflamatório e estou ótima de novo. Pensei até em ir à Jalan Teuku para me consultar no hospital onde fiquei internada quando tive dengue, mas era Sábado e a solução da farmácia acabou não sendo só paliativa, foi efetiva, então saio daqui com o corpo curado, mas a alma em pedaços. Um pedaço quer ficar, outro pedaço que rever Malaezinho, Roberto, Simone & Cia, Rose & Bapa, Gladcya & Sansão, Vlad, etc. O pedaço maior quer sair daqui direto para rever Rafael, Felipe e Evelina. Num mundo ideal eu teria todas essas pessoas juntas num lugar como Bali, mas onde se falasse Português. Estou querendo demais? Entào acorda, Telma, porque o Ketut já deve estar chegando e o guichê da Merpati me espera.

Tchau paraíso!

PS: Cheguei em Timor e estou de volta ao meu quartinho. Houve uma grande festa de desluto ontem e a varanda parece um chiqueiro. Nunca vi tanta mosca junta... Soube que ontem houve mais de 10 horas sem energia elétrica e o mecanismo de aquecimento de água não funciona há três dias. Fui literalmente recebida com uma ducha de água fria... E ainda faltam 75 dias...




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