Olá!

Bem vindos ao diário de uma brasileira em Timor-Leste - uma meia-ilha no outro lado do planeta que a todos encanta com a magia do canto de uma sereia.
Ou seria o canto de um crocodilo? Bem... em se tratando de Timor, lafaek sira bele hananu... :-))

sábado, 30 de janeiro de 2010

27 de janeiro de 2010 – Túnel do Tempo



Já vivi em muitos lugares diferentes nesse planetinha. No Brasil, já morei em Pernambuco, Amapá e São Paulo e fora dalí, morei nos USA e aqui em Timor. O engraçado é que nunca havia vivido em um lugar e retornado quatro anos depois! O máximo de tempo que passei longe do Rio de Janeiro foi um ano e jamais voltei a Recife, Macapá, ou Filadélfia depois que saí desses lugares.

Passei quatro anos com o corpo longe de Timor, mas a alma continuava, em parte, por aqui, e talvez por isso as pessoas estranhem quando vou procurar – e encontro – a exata prateleira onde ficava determinado artigo no mercado ou quando falo uma frase inteira em Tétum.

Hoje fui almoçar com Diane que continua com a mesma carinha de menina e o tipo bem brasileiro numa mistura de europeu e índio, típico do Pará. Foi ótimo reencontrar Diane, relembrar os primeiros tempos do nosso grupo em Dili e, claro, comer a torta de chocolate do Café Aroma. Simone tinha me pedido uma sugestão para o almoço e, claro, pedi que fizesse frango na cerveja, uma de suas muitas especialidades, e foi o que eu e Diane almoçamos lá.

Mais tarde saí com Betão atrás de mais um móvel que me ajudasse a organizar as coisas nesse quartinho minúsculo e acabei comprando um armário pequeno exatamente igual a um que deixei em Akadiru Hum há quatro anos. Quando voltar para casa vou deixar esse aqui de novo, mas preciso ter um lugar para guardar toda a tralha que trouxe do Brasil. Só de frascos de esmalte devo ter trazido uns dez!

Enquanto fazia hora para esperar pela entrega do móvel, fomos até o Delta, o primeiro bairro onde vivi em Dili, rever o mercado Leader. Parece bobagem, mas há alguns lugares aqui onde entro e as lembranças chegam aos borbotões. Revi o dia do primeiro toque de recolher – à época, isso era ainda relativamente comum – e eu e Tarcísio fomos os primeiros a chegar à casa e vimos que quase não havia água, além de alguns mantimentos, e corremos ao Leader pra nos abastecer. Encontrei a mesma cadeira de praia comprada pelo Cid e que ele carregou consigo quando voltou ao Brasil apenas três meses após nossa chegada.

Ainda não tive oportunidade de ir até a velha “casa rosada” no Delta 2, onde passei meus primeiros seis meses aqui, mas creio que vá ser um reencontro emocionante. Será que a Lura, nossa empregada que lavava a louça com a água recolhida da chuva, ainda estará tecendo táis em sua casinha escura?

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