Olá!

Bem vindos ao diário de uma brasileira em Timor-Leste - uma meia-ilha no outro lado do planeta que a todos encanta com a magia do canto de uma sereia.
Ou seria o canto de um crocodilo? Bem... em se tratando de Timor, lafaek sira bele hananu... :-))

sábado, 9 de janeiro de 2010

Desopilando o Fígado e Lavando a Alma


Ao longo dos meus 52 anos de vida, venho me esforçando para ser uma boa pessoa – ao menos na maior parte do tempo. À medida que o tempo foi passando, fui me conhecendo melhor e aprendendo a gostar mais de mim, não apenas pelo que sou, mas principalmente pela minha capacidade de me transformar.

O processo de maturidade acontece num diferente momento da vida de cada um e acredito que o meu tenha sido dos mais tardios. É mais ou menos como se um dia eu tivesse fechado para balanço e começasse a avaliar tudo que tinha feito até então. Algumas atitudes memoráveis, outras nem tanto. Qualidades que aprecio e desejo não apenas manter, como também aprimorar; defeitos que precisam ser corrigidos imediatamente, outros que podem esperar para serem burilados aos poucos, talvez por não serem tão graves ou talvez por serem mais difíceis de corrigir...

Resumindo, sou como qualquer pessoa. Um pouco boa e um pouco ruim, mas mantendo-me firme no propósito de tornar-me melhor a cada dia. Procuro não repetir os mesmos erros e esforço-me para não aumentar o repertório de erros já cometidos.

Hoje, resolvi falar um pouco sobre um dos meus piores defeitos e que, espero, um dia eu possa eliminar totalmente: sou vingativa! Originalmente, acredito que eu fosse daquelas que tramariam para derrubar o inimigo, com um toque de vilã de novela das oito, mas como sigo tentando melhorar em tudo, consegui ser apenas uma pessoa que vibra ao ver as voltas do mundo darem uma rasteira em quem eu acredito que mereça.

E por que estou escrevendo isso num blog sobre Timor-Leste, sendo que ainda estou no Brasil? Porque ontem recebi meu bilhete eletrônico e o aviso que meu passaporte de serviço já está a caminho, ou seja, agora não tem mais como voltar atrás: eu vou MES-MO!!!

Alguns amigos mais próximos acompanharam toda a minha trajetória nessa busca de uma oportunidade para retornar a Timor. É uma longa história e tenho um ano à frente para ir revelando-a aos poucos. Quando surgiu a chance de voltar pela CAPES, senti-me entre a cruz e a espada. Se, por um lado, havia o prévio conhecimento de todos os problemas que enfrentei em 2005, havia também aquela sensação terrível de dever mal cumprido, de trabalho inacabado, além das saudades que me apertavam a alma cada vez que lembrava de Timor. E lembrei de Timor durante todos os dias dos últimos 47 meses.

Inscrevi-me para participar do Programa - nessa que deve ser a última missão da CAPES em Timor-Leste - sem muita certeza de estar fazendo a coisa certa, mas a partir do momento em que fui selecionada para a entrevista em Brasília, entendi que era o momento de colocar um ponto final nessa tormenta e me agarrei à oportunidade com unhas e dentes.

Durante a primeira missão em 2005/2006, fui uma das maiores pedras no sapato apertado da CAPES em Timor. Reivindiquei direitos, meus e do grupo, apontei irregularidades e coloquei meu dedinho em todas as feridas do Programa. Quando vi que me convocavam novamente, acreditei num mundo melhor onde aqueles que lutam por justiça são recompensados e onde até instituições governamentais são capazes de fazer um mea culpa e admitir os próprios erros. Fui para a entrevista em Brasília com a alma lavada... até descobrir a lama que se escondia atrás das mesas de fórmica nas instalações novinhas em folha da agora Fundação CAPES.

Eles só me convocaram porque nem leram o memorial que escrevi e na verdade levaram um susto ao saber que eu tinha tomado parte da missão anteriormente. Provavelmente me escolheram pelo currículo apenas, talvez numa busca superficial pela Plataforma Lattes. Quando deram fé da “mancada”, tentaram de todas as formas me deixar de fora, mas quando chega o Kairos (não é, Vavá?) não tem retorno, e aqui vou eu. Saio do Rio na segunda-feira, 18 de janeiro, às 9:00h da manhã, com destino a Santiago do Chile. Vou passar nove horas em trânsito na cidade e pretendo fazer um citytour já que não conheço o lugar. De lá, dezoito horas de vôo até Sydney e depois de três horas em trânsito, embarco para Darwin, no noroeste da Austrália, onde vou pernoitar e só na manhã seguinte embarcar para Dili. Chegarei a Timor na quinta-feira, 21 de janeiro de 2010, às 7:30h, horário local (serão 20:30h do dia 20 de janeiro aqui no Rio). São quase sessenta horas de viagem e na metade do tempo estarei em trânsito, daí espero que não seja muito cansativa. Vai ser chato viajar sozinha, mas compensa ser a última a me juntar ao grupo, pois pude passar Natal e Réveillon com minha família, além de ter tido mais tempo para colocar minha vida em ordem.

Por tudo isso, quero dedicar o vídeo abaixo à CAPES, e firmar aqui o compromisso de desenvolver um trabalho da melhor qualidade em Timor-Leste, como acredito que já tenha feito antes, assim como continuar firme na luta pelos direitos dos “bolsistas”.







Um comentário:

  1. É fantástico! Li seu Blog e estou fascinado com a maneira como voce consegue administrar tantas coisas em sua vida. Eu não consigo administrar nada, sou completamente dependente de alguém sempre. Vou ver se aprendo com você minha amiga.
    Abraços.

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