Como era previsível, eu não consegui escrever realmente um diário... também, passados os primeiros e efervescestes dias de readaptação, a vida cai numa rotina que não tem sentido ser relatada.
Hoje fui fazer a minha primeira visita quinzenal à uma escola nos distritos. Para o restante do grupo tratava-se da terceira, ou seja, só perdi mesmo um mês de trabalho efetivo o que não é de todo mau.
Inicialmente eu estava designada para ir a Maumeta (Maun = irmão + metan = preto) no Distrito de Liquiçá, porém o tutor de Maubara fez uma solicitação especial para receber um professor de Matemática e lá fui eu atender ao pedido. Maumeta fica relativamente próxima de Dili e há três tutores para serem atendidos lá, o que significa que três professores formadores têm que ir à localidade; Maubara fica no extremo do Distrito e como só tem um tutor, acabei fazendo a viagem sozinha com o motorista do INFPC que, obviamente, não falava Português.
Hoje fui fazer a minha primeira visita quinzenal à uma escola nos distritos. Para o restante do grupo tratava-se da terceira, ou seja, só perdi mesmo um mês de trabalho efetivo o que não é de todo mau.
Inicialmente eu estava designada para ir a Maumeta (Maun = irmão + metan = preto) no Distrito de Liquiçá, porém o tutor de Maubara fez uma solicitação especial para receber um professor de Matemática e lá fui eu atender ao pedido. Maumeta fica relativamente próxima de Dili e há três tutores para serem atendidos lá, o que significa que três professores formadores têm que ir à localidade; Maubara fica no extremo do Distrito e como só tem um tutor, acabei fazendo a viagem sozinha com o motorista do INFPC que, obviamente, não falava Português.
Apesar da distância e da estrada abaixo de sofrível, a viagem foi boa e valeu a pena o sacrifício. Fui recebida com honras de chefe de estado pelo tutor Rui Ramiro e pelos nove professores cursistas. Já cheguei na hora do lanche matinal e depois ainda me serviram almoço e outro lanche à tarde. Senhorinha tinha me entregue uma sacola que chamou de “kit de sobrevivência” contendo água, suco, amendoins e biscoitos, mas não tive coragem de comer nada desse lanche quando aqueles professores tão humildes prepararam tantas coisas só para me agradar. Na escola não havia uma só torneira e a garrafa d’água acabou servindo para lavar minhas mãos antes das refeições, mas fora isso, comi os quitutes tipicamente timorenses que me foram oferecidos.
Maubara é um lugar lindo com uma praia de águas incrivelmente azuis. Depois do almoço minhas colegas timorenses foram comigo até a beira da praia onde há uma feira de artesanato. Comprei alguns artigos de palha trançada e almofadas – são famosas as almofadas decoradas com táis de Maubara – e só não fiz mais compras porque fiquei inibida de gastar tanto com coisas que não são de primeira necessidade estando acompanhada de professores que ganham cerca de cem dólares por mês. Em dez minutos eu gastei mais do que eles ganham em uma semana comprando cestinhos de palha e travesseiros. Situação, no mínimo, desconfortável.
O tutor Ramiro é muito competente – a seu modo. Preparou um álbum-seriado (há anos eu não via mais isso) com figuras e textos para ilustrar a aula. Apesar de sua aula expositiva não solicitar quase a participação dos cursistas, senti que ele se esforçara para fazer o seu melhor. Quando me passou a vez, havia até um sólido geométrico feito com pedaços de cartolina colorida, além de um círculo feito de caixa de papel cartão, com um decágono inscrito. Dei minha aula com tanto prazer que só pode ter sido boa... Sem falsa modéstia: ensinar Matemática é talvez uma das poucas coisas que sei fazer realmente bem, e quando me sinto estimulada, é natural que tudo flua melhor. Os cursistas amaram meu compasso de barbante e, para os padrões timorenses, participaram ativamente da resolução das questões.
Voltei para casa com a alma e o corpo lavados, já que, além da visita prazerosa à escola em Maubara, chovia bicas quando chegamos a Dili, e só da caminhada da entrada da casa até meu quarto, fiquei molhada até os ossos. Infelizmente a chuva acabou atrapalhando meus planos de ir à festa de aniversário da Lotte em Areia Branca (no restaurante da Fina). Como Sábado é dia de malae celebrar a vida em Timor-Leste, ainda tinha o sambão no Café Brasil (restaurante do Marcelo) e acabei indo lá só pra marcar presença. Depois de um dia cheio, e que começou às seis da manhã, não dava mesmo pra ficar sambando até tarde, não é mesmo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário