Olá!

Bem vindos ao diário de uma brasileira em Timor-Leste - uma meia-ilha no outro lado do planeta que a todos encanta com a magia do canto de uma sereia.
Ou seria o canto de um crocodilo? Bem... em se tratando de Timor, lafaek sira bele hananu... :-))

sábado, 20 de fevereiro de 2010

13 de fevereiro de 2010 – Finalmente Ataúro!



 Passei um ano em Dili olhando para a Ilha de Ataúro e desejando conhecê-la. Todas as vezes que marcava uma ida à Ataúro acontecia alguma coisa e a viagem nunca acontecia. Agora, menos de um mês após minha chegada, finalmente consegui ir a Ataúro.



Valeu à pena esperar. Ataúro é tudo aquilo que ouvia dizer e mais um pouquinho. Um dos lugares mais lindos que já conheci. Erivelto (Malaezinho) está envolvido em um projeto de sustentabilidade e meio ambiente e foi fazer uma apresentação do mesmo para os pescadores da ilha. Formamos um grupinho e fomos juntos para dar uma força ao amigo.


A viagem no navio Nakroma foi boa, apesar do calor sufocante. Parte da viagem foi feita na área VIP com ar refrigerado perfeito e banheiro limpo, mas logo descobriram que um grupo de malaes estava ali tendo pago apenas pela primeira (?) classe e nos colocaram para fora com a habitual sem-cerimônia dos timorenses. Do lado de fora a vista é deslumbrante, mas o sol forte estava próximo do insuportável e nem dava pra sentar no chão que queimava até bons pensamentos. Na próxima viagem vou levar chapéu e cadeira!

Depois de um curto passeio de anguna, almoçamos num restaurante da vila de pescadores – oferecimento do tão falado Padre Chico, um italiano que está em Ataúro há 6 anos, depois de passar 40 anos no Brasil – e aproveitei para comprar uma das também famosas Bonecas de Ataúro. Senhorinha tinha me presenteado com um boneco (um guerreiro maubere) e eu queria levar uma companheira pra ele (rss).

A recepção dos pescadores foi até melhor que esperávamos já que, diferente dos alunos/professores de Dili que dificilmente questionam o que lhes dizemos durante as aulas, o grupo contestou uma porção de coisas no projeto e colocou-se de uma forma lúcida e realística que só comprova a máxima de minha mãe que sempre diz que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Ao verem uma possibilidade de ganhos melhores os pescadores de Ataúro organizaram-se e tiraram os pés das águas fincando-os no chão com muita propriedade. Todas as colocações do grupo só virão a engrandecer o projeto do Malaezinho e no que eu puder, vou ajudar na implantação do Museu do Homem de Ataúro (apesar de achar o nome machista).

A parte ruim da viagem foi ser tão curta que não deu tempo de mergulhar naquelas águas translúcidas ou mesmo fazer um passeio ao redor da ilha. Como encontrei o professor-tutor do Profep em Ataúro na palestra e ele aproveitou para, além de elogiar muito o projeto do Professor Erivelto, também tirar umas dúvidas quanto à resolução das questões de Matemática, prometi que virei à ilha no próximo encontro quinzenal que acontecerá no fim deste mês. Como o professor formador que dá atendimento à ilha tem que ficar alguns dias por lá, espero poder dar ao menos um mergulhinho na próxima viagem.

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