Este prometia ser mais um final de semana que eu passaria sem nada de especial para relatar. No meu primeiro fim de semana em Timor, eu tinha acabado de chegar e ainda por cima estava doente, logo, não aproveitei quase nada.
Desta vez, o problema foi com a descarga do meu banheiro que o senhorio ficou de consertar mesmo antes de eu vir morar aqui e em Timor, como no Brasil, operários da construção civil parecem divertir-se nos fazendo esperar por eles. Como o senhorio trabalha como motorista da ONU durante a semana, e qualquer conserto deve ser feito sob sua supervisão, isso só pode acontecer nos fins de semana, logo... olha eu aqui esperando pelo pedreiro e pelo bombeiro que iriam trocar o vaso inteiro.
Às onze da manhã, como ninguém aparecera ou dera satisfação, resolvi fazer uma faxina caprichada e saí limpando tudo com desinfetante perfumado. A suíte – pois é nisso que vivo, numa suíte – ficou brilhante e cheirosa. Pois foi só eu dar o último retoque da faxina que os caras apareceram carregando um vaso sanitário com a respectiva caixa de descarga pra instalar no meu banheiro.
Minha primeira reação foi, “Isso não entra no meu banheiro hoje de jeito maneira!!!”, mas aí veio o Betão, mais conhecido como Tio Chico, um diplomata nato, ponderando que os rapazes já estavam ali mesmo, que o senhorio (o padre!) já comprara a privada, blá-blá-blá, e me convenceu a deixá-los entrar. Quando vi a maqueta de quebrar azulejos quase chorei, mas eles prometeram deixar tudo limpo e terminar o serviço em duas horas. Cerca de cinco horas mais tarde, saíram deixando tudo recoberto de pó e uma caixa de descarga que solta água por todos os lados.
O irmão do padre que administra as suítes, Sr. Juvenal, prometeu trazer o bombeiro para consertar a nova privada no Domingo pela manhã. Bem, às quase duas da tarde, quando saí para almoçar, ninguém aparecera, incluindo o Sr. Juvenal.
Foi aí que Rama telefonou para convidar a mim e Roberto para um jantar em sua casa. Era aniversário de seu marido, Bruno, e eu ansiava por conhecer não só o pai, mas também Kiana e Leonor, as duas filhinhas de minha amiga.
Rama continua a viver na antiga casa no Delta e eu disse a ela que não se preocupasse, pois eu me lembrava do caminho e, inclusive, guardara por mais de quatro anos o mapa que fora distribuído entre os amigos brasileiros quando da inauguração da casa em 2005.
Foi muito agradável. Rama continua sendo uma ótima cozinheira e Bruno é uma simpatia. As meninas são lindas, apesar de, por enquanto, não se parecerem com a mãe, que já foi considerada a mulher mais bonita de Timor-Leste. Os amigos, como costuma acontecer nas festas de Rama, vêm de todos os cantos do mundo. Havia um do Canadá, uma de Kosovo, uma do Chipre, dois da Austrália, e nós, os brasileiros. Bruno é português e Rama, iraniana. A comunicação aconteceu em tantos idiomas e sotaques diferentes que Roberto ficou até tonto, apesar de só beber água. O mais engraçado foi ver as crianças presentes falando também uma mistura de Português, Inglês e Tétum. Entre os adultos também rolava um pouco de Espanhol. Era an international dinner, meio una cena internacional com um toque dos jantares internacionais e poliglotas tão comuns aqui em Timor, terra de expatriados. Welcome, malae sira!
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