Quando eu estava indo para Maubara no Sábado passado, recebi um SMS da Lotte convidando para a festa de aniversário que a chuva acabou arruinando. Ao voltar pra casa, fui checar a lista de e-mails, telefones e aniversários de todos do grupo de 2005 e descobri que o aniversário da Lotte tinha sido exatamente no dia 03, o dia em que jantamos juntas no Vasco da Gama e a danada não disse nada. Quando falei sobre isso com Simone, ela logo decidiu fazer uma festa “atrasada” e preparou um super jantar na casa nova pra não deixar a data passar em branco. Além da família Assis e da aniversariante, fomos eu, meus “meninos” (Betão e Malaezinho) e Diane. Foi bem legal e a comida (camarões, camarões e mais camarões) estava excelente.
Fora essa confraternização, a semana foi em ritmo de pré-Carnaval quando parece que todos estão empurrando a vida com a barriga esperando apenas a chegada do feriado. Alguns professores do Procapes viajaram antes mesmo do final da semana e o INFPC ficou quase deserto, a não ser pelo grupo do Profep que continuou trabalhando até sexta, com o compromisso de retornar na quinta-feira, 18 de fevereiro. Há um grupo de professores envolvidos com a festa de Carnaval que será promovida pelo governo de Timor, com apoio da embaixada do Brasil em Dili, mas não estou sentindo muita animação nos colegas que não vão viajar ou não estão caídos com dengue ou malária.
Esse grupo de 2010, apesar de bem menor eu o grupo de 2005, é bastante desunido e parece mesmo ser cada um por si e Deus por todos. Nós, no Profep, somos bons colegas de trabalho, mas apesar da harmonia entre os profissionais, parece não haver muito mais do que isso. Rosiete e Alan moram juntos e parecem ser amigos, mas nada que lembre, nem de longe, amizades como a minha com Raí, Saulo com Guido, Sandra com Karina, etc, só para citar algumas das duplas inseparáveis de 2005. Senhorinha parece se dar muito bem com Antonio, e talvez formem a única “dupla dinâmica” do programa. A gente vê o carinho que um sente pelo outro e isso me dá ainda mais saudade de Raí e Tarsa, mas não posso me queixar: Roberto e Erivelto têm sido uns amores comigo e agradeço a Deus por estar junto deles nessa minha segunda – e tão diferente – temporada em terras mauberes.
O grupo do ELPI talvez seja coeso, mas não posso dizer absolutamente nada sobre eles. Trabalham na embaixada e só encontro com alguns professores do ELPI, muito eventualmente, nos restaurantes ou mercados. O Procapes é um mistério e mais uma dívida que tenho com alguém lá de cima que gosta muito de mim: Obrigada, Senhor, por eu não ter sido chamada para o Procapes! As desavenças são tão graves que já fizeram um professor de Física voltar ao Brasil depois de dois meses aqui e agora vão perder também um professor de Português que está doente... doente de decepção com o trabalho. Nem sei onde é a sala do coordenador – parece que é a antiga sala do grupo do MEC – e nunca o vejo no INFPC, mas sei que há colegas que só dão aula uma vez por semana. Durante o tempo restante, alguns ofereceram-se para trabalhar na UNTL já que o “grupo” da UNTL tem apenas a coordenadora sem nem um coordenado para contar a história (parece piada de português, mas a “equipa” de Portugal é muito melhor estruturada).
Alega-se que todos esses professores sem carga de trabalho efetivo estariam preparando material didático... Aí vem a pergunta que não quer calar: para ficar em casa preparando material didático essas pessoas precisariam ter sido mandadas para cá ao custo mensal de, aproximadamente, $ 2,300.00 USD mensais mais passagens? Por um salário de mais de R$ 4.200,00 por mês daria para contratar uma bela equipe de profissionais gabaritados e aptos a produzir um material de ótima qualidade que poderia ser enviado a Timor por e-mail economizando mais de um milhão de Reais em passagens. Sinceramente, tem horas que a “contribuinte” dentro de mim fala mais alto e me revolta ver o desperdício do erário nesse programa. O pior é que o governo timorense, avaliando a cooperação como um todo, ameaça não dar continuidade ao Profep que, afinal, é um programa que dá certo por aqui há cinco anos. É a velha história da maçã podre que contamina o cesto. Uma pena...
Só pra não fechar esse post com amargura, tive um encontro emocionante esta semana. Fui com Roberto até o Delta II só pra mostrar a minha antiga casa em 2005 e – Surpresa! – encontrei com Lura, nossa antiga empregada, aquela que além de não cozinhar, nem lavar, nem passar, ainda oferecia “segurança” à casa, apesar seu 1,40m de altura e 32 kg. Lura me reconheceu ainda com o capacete e veio correndo me abraçar. Sua filha, Beatriz, aquela que a ajudava a não varrer nem tirar a poeira, carregava orgulhosa um filhinho de poucos meses amarrado num daqueles panos estampados tão característicos daqui. E por falar em panos típicos de Timor, comprei um táis tecido por Lura, igual a um que ela havia feito pro Tarcísio há quatro anos. Foi o primeiro e último táis que comprei – táis devem ser ganhos e não comprados – mas foi por uma causa nobre. Só mesmo pra ajudar uma velha amiga eu pagaria dez dólares por um pedacinho de pano, mas deixei um sorriso e vou levar essa lembrança com muito carinho.
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