Estou no avião rumo a Hanoi. Na verdade, o nome é Ha Noi, mas toda vez que escrevo “Ha” o corretor automático entende que é o verbo “haver”, então vai ficar como Hanoi mesmo.
No check-in, me esqueci de pedir para escolher meu assento e a atendente me deu o 31-G. Desconfiei que não fosse na janela, o que prefiro, mas já era tarde e eu não ia criar caso por tão pouco. Pois não é que a fila 31 é exatamente uma daquelas que não tem bancos à frente e fica com bastante espaço para as pernas? 31-G é um assento quase de 1ª. classe nessa companhia aérea tão diferente de Merpati, Lion Air e Air Asia. A Vietnam Airlines é nota dez! Recebi um lencinho perfumado à entrada e mal o avião decolou, iniciou-se o serviço de bordo. São 7:40 h e já almocei risoto de camarão com um bolinho de legumes e mais uns vegetais não identificados, mas com bastante champignon misturado. De sobremesa, um pedaço de melancia, um de dragon fruit e, pasmem, um gomo de torange! Enquanto escrevo, bebo um chá delicioso e morro de medo de derrubá-lo em cima do netbook (rss).
É muito difícil saber quando lutar contra o destino e quando aceitar o que ele nos oferece. A pura aceitação passiva nos deixa como as viúvas da seca, carregando um filho morto nos braços e dizendo que foi a vontade de Deus (ou de paim Padim Ciço); a luta pela luta pode nos levar a um extremo perigoso e desagradável, onde as decepções tornam-se constantes já que não podemos ganhar todas as brigas. Há que se encontrar o caminho do meio, mas a fórmula para saber quando aceitar e quando lutar não está pronta em nenhum livro. A sabedoria vem da reflexão e é preciso ter a mente muito aberta para aceitar algo que, a princípio, vai contra nossas verdades totalmente absolutas, assim como ter a humildade de admitir que nossas verdades só são absolutas para nós mesmos. Aqui pelas redondezas de onde me encontro, a forma encontrada para abrir a mente e a alma é através da meditação e tomara que, em meio a essa correria de um hotel para o outro, eu encontre alguns momentos para limpar o meu âmago e abrir espaço para ver as coisas na exata dimensão que elas têm. Agora, tudo parece contaminado pela minha raiva e isso não é bom. O distanciamento físico do problema já ajuda, mas é preciso também um distanciamento emocional e eu não estava conseguindo fazer isso vivendo o dia a dia da missão Capes em Timor-Leste. Hoje é quinta-feira e desde Domingo não falo com ninguém do grupo e isso está me ajudando bastante, no sentido de me afastar realmente de toda aquela tensão. A solução do meu problema com Timor não é apenas sair de lá, já que isso é uma coisa que vou fazer mesmo daqui a 87 dias (rss). Se os timorenses são hipócritas cumprimentando a todos que não conhecem só pra fazer piada com aquele riso que pode significar tudo, menos alegria, não tenho nada a ver com isso. O que eu não quero é sentir raiva, e quando escrevi a frase anterior era esse o meu sentimento. Raiva, mágoa, indignação e decepção. Pra quê?
Bem, hora de desligar aparelhos eletrônicos e aterrissar em Hanoi. Depois continuo, okay?
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