Olá!

Bem vindos ao diário de uma brasileira em Timor-Leste - uma meia-ilha no outro lado do planeta que a todos encanta com a magia do canto de uma sereia.
Ou seria o canto de um crocodilo? Bem... em se tratando de Timor, lafaek sira bele hananu... :-))

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Bye-bye, Laos! Bom dia, Cambodia!



Hoje é segunda-feira, 27 de setembro e faltam 81 dias para eu voltar pra casa. São 08:30 AM e estou aqui no Laos, no aeroporto de Luang Prabang onde acabo de fazer o check-in para meu vôo em direção a Siem Reap no Cambodia.

O Laos é o país mais bombardeado do mundo


O dia de ontem foi bastante cansativo, apesar de agradável e proveitoso. Luang Prabang é realmente uma graça de cidadezinha e eu até poderia ficar por mais alguns dias, mas acredito que tenha visto quase tudo que um turista pode ver aqui.

O guia, Kio, me pegou no hotel bem cedo e fomos receber a benção dos monges na cerimônia dos donativos. As pessoas ficam postadas nas calçadas com cestas de arroz cozido e outras coisinhas, e os monges vêm em fila com panelas penduradas no ombro onde coletam as oferendas. Todos estão descalços, vestem-se com um pano cor de laranja enrolado no corpo e têm a cabeça raspada. Sinceramente, acredito que assisti a um grande espetáculo para turistas. Os monges fazem cara de saco cheio e se você demora mais que 5 segundos para fazer o bolo de arroz e colocá-lo na panela, seguem em frente sem nem olhar na sua cara. As mulheres ficam sentadas em esteiras no chão e os homens permanecem de pé, mas para os monges somos apenas um bando de gringos com máquinas fotográficas e tratando-os como a animais exóticos que se pode alimentar. Não senti nenhuma energia espiritual vinda deles e, provavelmente, não lhes ofereci também nada além de punhados de arroz e biscoitos.

Depois, começamos a peregrinação pelos pontos turísticos, sempre com muitas explicações do Kio. Fomos ao mercado matinal e, sendo Domingo, estava bem movimentado. De lá, fomos a alguns templos e fechamos a manhã com a visita ao museu Haw Khang. Comprar qualquer coisa por aqui é uma extravagância já que os preços são compatíveis com o fluxo de turistas. Na avenida principal onde fica a maior parte das lojas, Kio me disse que o aluguel é em torno de 400 dólares por mês, mas quem quiser alugar uma lojinha tem que pagar de cinco a dez anos de aluguel adiantado. Eles realmente têm que vender tudo muito caro para valer à pena!



Um dos templos, Phou Si Hill que, como o nome já diz, fica numa montanha e a subida pareceu interminável, mas a vista dos rios Mekong e Nam Khan compensou a canseira. Na hora do almoço voltei ao hotel pra tomar um banho e descansar um pouco antes de encarar o passeio de barco à Caverna do Buda.




A viagem de barco foi um bálsamo e me senti tão bem que até tirei um cochilo. No caminho, paramos numa vila onde preparam as bebidas alcoólicas mais estranhas que já vi. Eles chamam de uísque, mas como bons ex-colonizados pela França, fazem um vinho licoroso de arroz até saboroso. O estranho são os bichos que colocam dentro das garrafas. Há cobras e escorpiões enormes, além de um filhote de urso preto e outras barbaridades. Por falar em bichos, continuo a não ver ratos, porcos ou galinhas convivendo entre as pessoas.

Aqui parece que o povo não curte muito o hábito timorense de viver na merda. Também há tecelãs na vila e comprei algumas echarpes bem bonitas e baratas. A visita só saiu cara porque perdi ali um colar de prata com um pendente de madrepérola que vale uns 400 reais (preço que eu venderia o conjunto na loja). Na volta da caverna ainda paramos de novo na vila e Kio foi procurar pela jóia, mas no meio daquela pobreza, meu colar deve alimentar umas cinco famílias por algum tempo, então, saí no lucro.


A caverna também fica no alto de uma montanha, e tome subida! Meu maço diário de Marlboro mostrou seus efeitos e voltei ao hotel exausta e encharcada. Pegamos um temporal no meio do rio e fiquei pensando como a Helen reagiria, pois em alguns momentos foi tão apavorante quanto as ondas que enfrentamos na volta à Ilha de Jaco. Vi a chuva chegando de longe e não teve como proteger o barco da ventania e da água.





À noite saí caminhando pela vizinhança só para comprar alguma coisa para comer no quarto mesmo. Já estava cansada do arroz frito com frutos do mar, a versão laosiana do nasi gorem. Amigos, comi um sanduíche divino numa baguette legitimamente francesa! Que saudade de casa...




Luang Prabang foi para mim como aquele carinha super legal, bom papo, bom companheiro, mas por quem não se tem o menor tesão. Gostei do passeio, voltarei aqui se tiver oportunidade, mas não vou fazer nenhum esforço extraordinário para que isso aconteça. Agora vamos ver o que vem do Cambodia que, desde o início do meu planejamento, era o primo pobre do roteiro, ou seja, expectativas próximas de zero e daí pode ser que eu me surpreenda positivamente. Tô pagando pra ver!

   

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