Foi o que eu disse ao meu onipresente Li Hor ao despedir-me dele em frente ao aeroporto. Sentadinha no salão de embarque, já faço planos de voltar. Gostei demais de tudo aqui, apesar da “facada” de 25 dólares como “taxa de despedida”. Nem no Vietnam, nem no Laos tive que pagar nada, e como meu dinheiro está no fundo da valise de mão, todo enrolado, só me safei porque aceitam cartão de crédito. Eu tinha exatamente 24 dólares na carteira e eles não topam uma barganha aqui.
A viagem toda me fez muito bem, mas a estada no Cambodia foi especial. Se foi pelo clima espiritual dos templos e pagodes ou pela cordialidade do povo eu não sei, mas que aconteceu algum clique aqui dentro, isso aconteceu. Para começar, a minha mágoa por Timor-Leste começa a esmaecer, tanto que até respondi gentilmente ao professor timorense-sem-noção que me mandou um monte de material para editar no meio das minhas férias. Se ele tivesse feito isso alguns dias antes eu, provavelmente, teria dado uma resposta bem atravessada, mas agora a paz está voltando à minha alma e consigo até rir de uma coisa como essa. Se Timor e seu povo nada aprenderam comigo e isso me causa uma enorme frustração, ao menos eu aprendi muito com eles e tenho que agradecer por essa oportunidade. Desta vez não volto pra casa com aquela coisa mal resolvida como ficou em 2006. Sei que ofereci o melhor de mim, o que é muito bom, e se não foi o bastante, paciência, não vou fazer verão mesmo estando num grupo de andorinhas. E essas “andorinhas” se esforçaram, cada uma à sua maneira, mas todos os professores brasileiros tentaram fazer um bom trabalho em Timor-Leste, justiça seja feita. Se concordo ou discordo com a forma de trabalhar de alguns, é problema meu e não sou a senhora dona da verdade. A Capes escolheu os profissionais que enviaria a Timor sem preocupar-se com a experiência ou competência de cada um, mas acabou dando sorte num ponto: todos querem ganhar pontos no currículo e empenharam-se para sair de lá com o máximo de certificados possível. Se, por conta disso, recém-graduados são orientadores de pós-graduandos e são desenvolvidos alguns projetos dos mais estapafúrdios, aí já é outra questão, mas é inegável que as “andorinhas” brasileiras trabalharam com afinco.
Outra demonstração de que a paz invadiu o meu coração, está sendo a forma como estou encarando o problema de saúde do Rafa, meu filho mais velho. Quando estava em Hanoi, recebi um e-mail dele confirmando a suspeita que pairava sobre nossas cabeças há algum tempo. Meu filho está diabético. O pai morreu de infarto fulminante aos 46 anos e o tio, também diabético, morreu aos 44. O avô paterno morreu aos 43 do mesmo mal. Estou muito preocupada, é óbvio, e o que eu mais queria agora era poder pegar meu menino no colo e passar pra mim qualquer mal que o fizesse sofrer, mas não vou poder fazer isso, então... Estou encarando tudo com o máximo de serenidade possível e vendo como uma oportunidade de iniciar uma vida nova para ele, para mim e para Felipe, meu filho caçula, que, apesar de até agora não ter tido nenhum sintoma, tem a mesma hereditariedade e, consequentemente, as mesmas chances de desenvolver a doença. A partir de agora todos lá em casa teremos mais disciplina na alimentação e vamos fazer um programa para acabar com o sedentarismo. Da Guia, Chico e Carolina inclusive! Meu Deus, e ainda faltam 79 dias...
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