Faltou o bondinho entre as montanhas ao fundo, né? |
Hoje, antes de sair para o meu passeio à Baía de Ha Long, recebi um e-mail de uma amiga muito especial e que me conhece melhor que ninguém. Dentre muitas coisas que ela falou, comentando meus últimos posts aqui, foi que mais do que ir a museus para ver objetos, eu estava indo aos lugares para ver as pessoas, pois esse é o meu barato. Ela está mais do que certa! Exposições em museus podem ser vistas a qualquer momento através da Internet. Até mesmo fotos dos pontos turísticos mais badalados do mundo estão na rede para quem quiser apreciá-las. Com um pequeno domínio das ferramentas do Photoshop a gente pode até se incluir nas paisagens (rss). O que não se consegue fazer pela Internet, pela televisão, pelo cinema, é captar a energia de um lugar e de seu povo, e isso é o que estou conseguindo fazer de melhor nessa minha jornada comigo mesma.
Meu passeio à baía de Ha Long foi mais ou menos por aí. Não que a baía não seja bonita – é linda – mas para quem nasceu e se criou na Baía de Guanabara, desculpe Ha Long... sorry periferia! Foi muito legal o passeio de barco pelas formações rochosas e a visita à caverna de Dau Go foi nota mil. Tirei fotos entre estalagmites e estalactites já que nunca sei quem é quem. O banquete vietnamita a bordo do barco vai ficar na minha memória para sempre e até as compras que fiz, de lembranças para os amigos, foram incríveis. Tudo correu bem na viagem de 175 km (quem disse que são só 60?) apesar da irritante mania nacional do buzinaço que acontece até nas estradas e atrapalha aquela soneca que sempre tiro em ônibus.
Uma coisa curiosa é que não há trecho algum dessa estrada onde o homem não esteja presente! Deixa ver se me explico melhor... Em todos os lugares por onde passei, quando se sai de uma cidade para outra há uns trechos da estrada onde só há vegetação, ou seja, a natureza do lugar permanece intacta, a não ser pela estrada, mas ninguém vive ou trabalha ali. Nos 175 km que separam Ha Noi de Ha Long parece não haver um centímetro de terra improdutiva. Ou há comércio, escolas e casas, ou há plantações imensas e cheias de gente trabalhando nelas. Bem, se formos comparar com o Brasil, por exemplo, onde pode-se andar quilômetros e mais quilômetros sem ver um sinal de interferência humana, isso pode ser porque a diferença entre o número de habitantes por quilometro quadrado é de 22 no Brasil contra 253 no Vietnam. O curioso é que, se considerarmos só o Rio de Janeiro onde há 366 habitantes por quilometro quadrado, ainda assim passamos no Rio por muitos trechos de estrada onde há nada mais que floresta à volta. Talvez seja porque estamos todos amarfanhados na zona urbana da capital e nossa produção agrícola seja ínfima. Bem, os vietnamitas estão em todos os lugares e trabalhando sem parar.
Voltando ao passeio, com tanta coisa bonita para mostrar aos turistas, o guia se surpreendeu pelo meu interesse por ver escolas (curioso, né?). Entre o continente e a ilha da caverna há algumas vilas de pescadores. O que eles chamam de “vilas” são plataformas no meio do mar onde há alguns tanques para manter os pescados frescos. Alguns tipos de peixes que ainda estão pequenos para o consumo, podem ser mantidos nestes tanques por até três anos. Os pescadores e suas famílias vivem ali e em cada plataforma há uma escola para suas crianças. Fotografei e filmei as aulas – de Matemática, claro – com tanto interesse que o guia adivinhou que eu era professora.
Deixo o Vietnam levando um gostinho de “quero-mais”. Bem, faltam só 85 dias em Timor e isso já me dá um bom alento...
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