Olá!

Bem vindos ao diário de uma brasileira em Timor-Leste - uma meia-ilha no outro lado do planeta que a todos encanta com a magia do canto de uma sereia.
Ou seria o canto de um crocodilo? Bem... em se tratando de Timor, lafaek sira bele hananu... :-))

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

21 de janeiro de 2010 – A Casa do Padre



Como canta a Noviça Rebelde, Julie Andrews, “I must have done something good” (Devo ter feito alguma coisa boa) para merecer cruzar meus caminhos com algumas pessoas mais que especiais. O casal Simone e Levi, que me foi apresentado por Vavá, pai de Simone, e que na realidade nem conheço ainda pessoalmente, são três bons exemplos disso. Outro, mais recente, é o Roberto Eduardo – Betão – Tio Chico.

Roberto surgiu na lista de e-mails dos selecionados para a entrevista na CAPES do dia 13 de agosto de 2009 onde escreveu, “Olá! Alguém aqui é do Rio?”. Convocação carioca, claro que respondi e trocamos telefones para marcar encontro no Santos Dumont e rachar o taxi quando chegássemos à Brasília. De cara gostei da cara de bom menino, do jeitão de ex-aluno do Colégio Militar e aconteceu uma camaradagem imediata. Depois, quando ficamos os dois no cadastro de reserva e decidimos lutar pelo nosso direito – seriam convocados 50 professores e só chamaram 40, além de outros desmandos – fomos juntos novamente à Brasília, e continuamos unidos na batalha que, pelo nosso ponto de vista, acabamos vencendo. Estamos juntos agora aqui em Timor, morando em quartos contíguos na casa do padre.

O problema de acomodação em Dili se intensificou nesses últimos 5 anos. Os hotéis e as boas casas preparadas para receber colaboradores estrangeiros, tornaram-se inviáveis para os professores brasileiros. Quase como uma adaptação às necessidades dos cooperantes menos abastados, algumas famílias timorenses construíram uma versão local de condomínios. São quartos pequenos com banheiros individuais e uma cozinha coletiva. Eu mesma já havia morado por 6 meses, entre 2005 e 2006, numa residência como essa na casa do casal João e Beth em Akadiru Hum.

A idéia inicial era que eu, ao chegar, ficasse na casa da Simone até encontrar uma acomodação definitiva. Com tantos adiamentos, acabou que a casa entrou em reforma e a própria família está hospedada com amigos. Simone sugeriu que eu ficasse na casa de outra missionária, mas depois decidiu que eu deveria ficar mais próxima dela na Casa Vida e reservou um quarto no Hotel Ventura que fica em frente ao Café Aroma. Ao ver esse fica-não-fica, Betão demonstrou, mais uma vez, sua amizade me oferecendo a vaga que conseguira para ele próprio numa casa onde já vive outro colega da missão brasileira. Além do bate-boca com a tutora do meu programa (que não é o mesmo dele) e da insistência com a embaixada para que eu fosse devidamente recepcionada, Betão tomou mais uma vez as minhas dores abrindo mão do local onde iria morar para que eu tivesse onde ficar já à chegada. Como os bons sempre vencem (quero crer que isso seja real), acabou que vai vagar outro quarto e meu amigo muda-se para cá amanhã.

O quarto deve ter uns 25 metros quadrados e, além da mobília básica e do banheiro privado com chuveiro de água quente, tem TV a cabo, ar condicionado, mini-mini-mini-frigobar e garrafão de água mineral. Tudo, energia elétrica incluída, por 300 dólares. Melhor do que isso, só no meu apartamento no Rio de Janeiro. O dono da propriedade é um padre que construiu esses quartos e deu para um irmão administrar, daí o nome “Casa do Padre”.

Pois é... “I must have done something good” para alguém lá de cima gostar tanto de mim.

Um comentário:

  1. Minha irma, adorei sua morada, parece que tudo é novinho, limpo e bem agradavel.
    Eh normal que vc colha todos esses bons frutos, vc que planta muito amor, muita amizade, muita atençao e tantas outras boas coisas ao seu redor.
    Continue assim !

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